“Chet Baker, um sopro”

Há muito que Paulo Miklos já comprovou a sua multiplicidade artística: tocando, compondo, atuando... No cinema, onde estreou em 2002, ele construiu uma conceitual filmografia, que o levou a atuar também na televisão. Ainda assim, a expectativa era grande em torno da sua estreia nos palcos, ocorrida em meados de janeiro passado, na pele do icônico Chet Baker, morto em 1988, aos 56 anos de idade.

“Curiosamente, dos três trompetistas que se costumava chamar de legendários, o único a fazer jus a este título em vida foi mesmo Chet Baker. Nem Bix, nem Bunny tiveram tempo para passar do estrelato instantâneo, como Chet, para uma sofrida sucessão de drogas, prisões e temporadas em sanatórios. (...) Chet arrastou sua própria lenda por mais de trinta anos, naquele melancólico autoexílio europeu. Durante esse tempo, tocou praticamente só com o nome, cercado por sessões rítmicas belgas ou islandesas, capazes de provocar um rigor mortis até no mais explosivo jazzista – o que estava longe de ser o caso dele. Para compensar a sua falta de dentes (quebrados um a um por traficantes da Califórnia), passou a usar mais a voz do que o instrumento – embora segundo Russ Freeman, seu amigo pianista, cantar fosse um recurso de Chet no começo da carreira, para movimentar suas apresentações”. ­(Ruy Castro – Tempestade de Ritmos).

No espetáculo “Chet Baker,  um sopro”,que tem a dramaturgia assinada por Sérgio Roveri, e direção de José Roberto Jardim, Paulo Miklos revive um dos muitos momentos dramáticos do inconstante cantor e trompetista.Em meados da década de 1960, Chet Baker teve os lábios rachados por traficantes e perdeu os dentes, ficando impedido de tocar seu instrumento por quase dois anos. A peça se desenrola na tarde em que ele retorna aos estúdios depois do episódio e encontra um clima de desconfiança entre os músicos que o acompanharão. Para contar a história de superação física e emocional do trompetista, estão em cena três músicos e uma cantora: Ladislau Kardos (baterista), Piero Damiani (pianista e diretor musical), Jonathas Joba (ator e contrabaixista) e Anna Toledo (atriz, cantora e dramaturga).O cenário é da Academia de Palhaços, e o figurino foi criado pelo estilista João Pimenta.

 

 

IMPACTANDO A CRÍTICA:

A concorrida e curta temporada paulista, não só impactou o público, como também a crítica. Os depoimentos dos jornalistas Nelson de Sá e Carlos Sartori,são bons exemplos.

“No palco, Miklos apresenta desde cara uma personificação que remete emocional e até fisicamente a Chet Baker, sem precisar de nenhuma intervenção maior, de maquiagem, trompete ou voz. (...) “Apenas um Sopro" ao mesmo tempo ecoa e problematiza as caricaturas de artista genial e encrenqueiro que cercam o músico americano, as suas relações com outros artistas, os seus erros e azares. No final, o mito segue de pé, para idolatria geral, mas com tintas existenciais de fragilidade.”(Nelson de Sá – Folha de São Paulo)

 “Duas cenas encantam na peça. A primeira lembra o filme Whiplash - Em Busca da Perfeição, história do jovem baterista de jazz que idolatra o professor e sofre nas mãos dele. Na peça, o novato da vez idolatra Chet Baker e precisa enfrentar as brincadeiras sacanas dos outros músicos, em uma cena que garante as gargalhadas. A outra cena marcante é o momento em que Baker tem uma bad trip de heroína e expõe toda a vaidade do artista considerado símbolo sexual. O jogo de luz e de áudio nos leva a invadir as alucinações do mago do trompete”.(Carlos Sartori– Revista Rolling Stones)

 

Paulo Miklos fala sobre Chet Baker:

 “Sempre gostei do Chet. Sempre toquei flauta transversal, desde criança. No Titãs não me deixaram tocar flauta porque não era muito rock e comecei a tocar sax tenor. E sempre gostei de jazz. Ele criou uma coisa nova no fim das contas, com a influência da bossa nova. Mudou o curso da história e influenciou muita gente”.

 

SERVIÇO = CHET BAKER, UM SOPRO 

DATAS:14 a 18 (quinta a segunda) e 21 a 25 (quinta a segunda) - Julho
LOCAL: Centro Cultural Banco do Brasil (Praça da Liberdade, 450  – Tel.  (31) 3431-9400)

INGRESSOS: R$ 20,00 (inteira)

VENDAS:A partir de 06 de julho (quarta), na bilheteria do CCBB e pelo site bb.com.br/cultura
CLASSIFICAÇÃO: 14 anos

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO: Alves Madeira (Pedrinho Madeira 9 9991-5542 / Lilian Macedo 9 9600-0651)

Pesquisa

LEIA MAIS

Grupo mineiro de pesquisa cênica se apresenta no exterior pela primeira vez

Grupo mineiro de pesquisa cênica se apresenta no exterior pela primeira vez

23 Agosto 2017

Teatro&Cidade faz quatro exibições em Portugal durante o Festival Internacional de Teatro ao Ar Livre; viagem foi viabilizada com recursos do Circula Minas   Grupos de atores mascarados se deslocam...

Escolas da periferia chilena recebem apresentação teatral de companhia mineira

Escolas da periferia chilena recebem apresentação teatral de companhia mineira

23 Agosto 2017

Personagens da cultura e folclore nacional inspiram a Cia de Teatro Conscius Dementiao, de Poços de Caldas; viagem foi viabilizada com recursos do Circula Minas, programa de intercâmbio da Secretaria...

Jornal O TEMPO: Teatro em todas as praças de Minas

Jornal O TEMPO: Teatro em todas as praças de Minas

07 Agosto 2017

Grupos de teatro do interior fazem arte apesar dos desafios e das adversidades   Na rua. Grupo Teatro da Pedra, de São João del Rei, atua há mais de uma...