Minas Gerais exibe riqueza na tradição das artes cênicas que se debruçam sobre temas religiosos
Nesse clima de final de ano, o momento de reflexão é propício para a montagem de espetáculos teatrais que tratam de temas religiosos. São peças teatrais aos montes, que se espalham pelos palcos mineiros. Repleto de belas igrejas barrocas, Minas Gerais é um estado que reitera essa tradição cristã.
Com forte presença no Brasil desde século XVI, graças à atuação de Padre Anchieta, o teatro religioso mantém-se vivo no cotidiano dos mineiros, como acontece com os moradores de Santa Bárbara, cidade situada no território de desenvolvimento metropolitano.
No município encontra-se o grupo Âncora Cia de Teatro, famoso pela encenação Os Passos da Agonia, sobre a Paixão de Cristo. Apresentada há 42 anos com bastante sucesso, a peça se divide em três atos diferentes, com apresentações que começam na quinta-feira e se estendem até sábado, atraindo uma média de 5 mil pessoas por dia. “É muito importante manter essa tradição viva”, diz Claudinei Santos, vice-presidente do grupo.
Envolvido com o tema, o produtor Ênio Reis ressalta a importância de se manter vida essa tradição. “O teatro religioso traduz a religiosidade mineira, e provoca o sentimento de nostalgia nas pessoas”. O sucesso em produzir espetáculos teatrais com passagens bíblicas foi tamanho que Ênio começou a organizar uma feira com alimentos da época de Jesus Cristo.
Na capital
Não é somente no interior que essa cultura se faz presente. Também na capital acontecem apresentações cênicas com esse viés religioso. Uma das mais impactantes realizadas em 2016 foi a obra Messias, do compositor alemão Haendel.
A montagem da Fundação Clóvis Salgado encerrou a temporada 2016 da instituição, reunindo no Grande Teatro do Palácio das Artes os três corpos artísticos da casa: a Cia. de Dança do Palácio das Artes, a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e o Coral Lírico de Minas Gerais – além de solistas convidados.
O espetáculo, combinando a dança contemporânea com a beleza e atemporalidade da música de Haendel, narra a anunciação e nascimento de Jesus. Para Rui Moreira, responsável pela concepção e direção coreográfica, Messias não se foca no dogma religioso, como o teatro religioso tradicional: “O Messias foi totalmente inspirado no sentido da palavra, na esperança de renovação”.