Anárquica e espalhafatosa, a mineira é considerada personalidade fundamental na história do teatro brasileiro
Nascida em 1941, no seio de uma família tradicional,a mineira anárquica e espalhafatosa, Teuda Bara, se tornou atriz e hoje é considerada personalidade fundamental na história do teatro brasileiro.
Iniciada em ciências sociais, abandonou a faculdade já no terceiro ano por se sentir aprisionada à linguagem científica e se entregou às artes cênicas. Foi hippie, mãe solteira e atravessou, quando jovem e em suas primeiras experiências como atriz, os anos mais duros da ditadura militar.
Além de atuar na maior parte dos espetáculos do Grupo Galpão, do qual é co-fundadora, participou do espetáculo K.À., do Cirque Du Soleil, dirigido por Robert Lepage, e também trabalhou em filmes como Menino Maluquinho, de Helvécio Ratton, O Contador de Estórias, de Luiz Villaça, e O Palhaço, de Selton Mello. Na televisão participou da novela Meu Pedacinho de Chão, de Luiz Fernando Carvalho.
Apaixonada pela profissão, a artista define o fazer teatral como sinônimo de liberdade. “O teatro me tira de lugares comuns. No palco, você faz o que você quer. É tão intenso que enquanto durmo, o texto vem à minha cabeça. Tudo o que tenho e consegui até hoje foi por meio do teatro”, disse.
“Nunca queimei sutiã, mas eu tirei sutiã”
Livre por determinação pessoal, Teuda declara ter apanhado a vida inteira dos pais por não se limitar ao papel social de subserviência imposto às mulheres da época.“Eu tenho 75 anos e na minha época de adolescência, nós - mulheres - não podíamos fazer nada. Eu tinha que fazer tudo escondido. Fui mandada para um colégio interno e fugia para fazer as coisas que eu queria. Ninguém me parava”.
Casada com o teatro, a atriz, que nunca fez parte de nenhum coletivo feminista, declara que sua luta se baseou no fato de não concordar em receber um tratamento diferente do que era dado aos homens.
“Eu sempre fui uma mulher livre. Nunca queimei sutiã, mas eu tirei sutiã. Já fui a encontros de mulheres que sofriam violências físicas e psicológicas. Eu entendo a luta e faço parte dela, pois só quem é mulher sabe o que é ser mulher. Como é ser tratada diferente. Apanhei a vida inteira, mas consegui. A gente sofre e revida sempre”, desabafou.
Lançamentos
Dando uma pausa na agenda do Grupo Galpão, Teuda Bara está em cartaz em São Paulo, com o espetáculo ‘Doida’, onde divide o palco com o filho Admar Fernandes.
O jornalista e poeta João Santos, responsável pela realização de sua biografia contada no livro “Comunista Demais para Ser Chacrete”, com lançamento previsto para agosto, ajudou a transformar em dramaturgia as ideias da artista na peça.
Baseado em um texto de Carlos Drummond de Andrade, o espetáculo integra o projeto De|generadas, que discute o feminismo em suas diversas vertentes, por meio de ciclos de conversas, mostra de performances, apresentações de dança, cinema e uma feira de produtos.
Serviço:
O quê: ‘Doida’
Quando: nos dias11,12 de março às 21h;
13 de março, às 18h;
18,19 de março às 21h;
20 de março às 18h
Onde: Sesc Santana- SP
Quanto: R$9,00 (Para quem possui o cartão promocional do Sec de Santana); R$15,00 (Meia); R$ 30,00 (Inteira)
Informações: http://bit.ly/1Yyc0Wv