Espetáculo gestual da companhia Dos à Deux debate a possibilidade de sobrevivência diante a destruição
Os verbos contidos nos silêncios físicos e simbólicos dizem. Essa é uma característica de encenação do teatro gestual, linha de pesquisa adotada pela companhia Dos à Deux, que retorna a Belo Horizonte neste final de semana com o espetáculo Ausência, primeira montagem solo de seu repertório.
Na peça, o espectador mergulha em um colapso responsável pela destruição de Nova York que afeta a todos os seres humanos e gera a falta d’água e de energia elétrica, bem como a necessidade de sair às ruas usando máscaras de oxigênio devido à toxicidade do ar. Paralelamente, um homem solitário, interpretado pelo ator Luiz Melo, luta por sua sobrevivência em seu apartamento.
Para Melo, é como se o público estivesse vendo da janela a trajetória do personagem. “Falta de água, luz e energia são temas de um futuro muito presente, na verdade. Sem contar a questão humana, a solidão, o medo do desconhecido, fatores que conversam diretamente com os dias atuais”.
Vivendo à base de apenas uma gota d’água por dia, enfrentando constantemente a solidão, a escassez de alimentos e o enclausuramento, o ator passa a flertar com a loucura e, nesse cenário caótico, sua única companhia é seu peixe vermelho, imerso na água de um aquário redondo.
Recluso em seu mundo particular e incapaz de enfrentar o horror tóxico e irrespirável das ruas, o protagonista se vê diante de um grande dilema ético e existencial: matar ou não seu único objeto de afeto para beber da água do aquário?
Serviço:
O quê: “Ausência”
Quando: Dias/horários: 14 e 15 de maio, sábado, às 20h e domingo, às 19h
Onde: Sesc Palladium: Rua Rio de Janeiro, 1046, Centro
Quanto: R$30,00 (inteira) - R$ 15,00 (meia) - Vendas: bilheteria do teatro - www.ingresso.com