Estreia acontece no próximo dia 24, no Teatro Espanca!, e fica em cartaz até 16 de outubro com apresentações aos sábados e domingos
Em sua nova montagem, Fauna, o Grupo Quatroloscinco Teatro do Comum mergulha sobre as noções de corpo individual e corpo coletivo, e a dimensão política dos afetos. Com direção de Italo Laureano e Rejane Faria, e texto e atuação de Assis Benevenuto e Marcos Coletta, os artistas invertem as funções assumidas em Ignorância (2015), enfatizando o caráter essencialmente coletivo da criação, que recebeu provocação criativa do dramaturgo paulistano Alexandre Dal Farra.
Nesta peça-conversa, nome atribuído pelo grupo, dois atores convidam o público a explorar as afetividades entre corpos e discursos, que se misturam e se confundem, para construírem e desconstruírem identidades pessoais e coletivas. Em cena, os atores rompem com a narrativa tradicional do teatro, atenuando os limites físicos entre palco e plateia e, a partir de sucessivos jogos e situações, levam o espectador para dentro da cena.
Da política dos afetos à extinção do antropoceno
O processo de criação de Fauna antecede o último trabalho do grupo – Ignorância (2015), e se iniciando em 2014, quando os integrantes realizaram uma série de oficinas de dramaturgia em Porto Velho, Belém, Florianópolis, São Paulo e Porto Alegre. Um grande material pessoal, produzido pelos participantes, foi coletado e trouxe a imagem da espécie humana como uma fauna diversa e específica.
Mergulhando na obra O circuito dos afetos: corpos políticos, desamparo e fim do indivíduo, do filósofo Vladimir Safatle, o grupo alcançou seu principal referencial teórico de que inspirou a criação. No livro, o autor discute a política a partir de uma estrutura viciosa de afetos e afetações que sustentam as relações do íntimo ao coletivo. Ideias que ecoam em cena por meio de um jogo direto com o espectador – chamado de peça-conversa, em que exploram temas como violência, desejo, liberdade, confissão e desamparo. Relacionamentos que criam e destroem aproximações e expectativas.
A extinção da espécie humana, enquanto consciência de nossa estadia passageira pelo planeta, assim como as marcas deixadas pela nossa era (o antropoceno), também são motores criativos da peça.
A relação interativa e aberta com o espectador se manteve durante todo o processo, nos ensaios abertos, a fim de testar as possibilidades de contato e a estrutura dramatúrgica do jogo cênico que o grupo buscou. As relações que se estabelecem, entre os atores e também entre o público, levam em conta as esferas sociais existentes que, por muitas vezes, se sobrepõem ao indivíduo e ao coletivo. E levam em conta, também, a potência que essas mesmas relações tem para ser um lugar construtivo, provocador e de desconstrução – a intensa exploração do convívio e do encontro como forças transformadoras capazes de quebrar padrões.
Quatroloscinco Teatro do Comum
O Quatroloscinco - Teatro do Comum mantém trabalho continuado de pesquisa e prática teatral desde 2007, baseado principalmente na criação coletiva e autoral sob uma estética contemporânea. O grupo, formado por Assis Benevenuto, Marcos Coletta, Maria Mourão, Rejane Faria e Italo Laureano, busca uma cena centrada no jogo entre os atores e em seu encontro com o espectador. Surgido como um grupo de pesquisa de alunos de Teatro da UFMG, o Quatroloscinco se profissionalizou e se tornou um dos mais destacados e elogiados grupos da nova geração do teatro mineiro, conquistando prêmios, críticas, e apresentações em mais de 50 cidades de 15 estados do país, além de Cuba, Uruguai e Argentina, em festivais de cunho nacional e internacional. O grupo tem em seu repertório os espetáculos Ignorância, É só uma formalidade, Outro Lado, Get Out! e Humor, além de quatro livros lançados com a dramaturgia de seus espetáculos.
FAUNA
Grupo Quatroloscinco Teatro do Comum
Drama. 60 minutos.
Sinopse:
"Ei, você me conhece? Posso me aproximar? Eu sou só um animal vivo." Nesta peça-conversa, dois atores convidam o público a explorar a dimensão política dos afetos. Corpos e discursos se misturam e se confundem para desconstruírem identidades pessoais e coletivas.
Serviço:
24/09 a 16/10
Sábados e domingos às 20 horas
Teatro Espanca! - Rua Aarão Reis, 542 Centro, BH
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)