Diego Bagagal apresenta "Salomé", seu novo espetáculo solo

Peça é baseada na obra homônima de Oscar Wilde e Richard Strauss

A companhia Madame Teatro estreia nesta sexta (3) o espetáculo solo "Salomé", com atuação de Diego Bagagal. O artista cumpre temporada até 20 de março, de quinta a segunda, sempre às 19h, na Sala Multiuso do CCBB.

SINOPSE
Bastaria escutar o nome de "Salomé" para enxergar a bandeja de prata com a cabeça de São João Batista. Oscar Wilde eternizou a mulher fatal da Bíblia, e Richard Strauss a musicou. Nesta versão do clássico, Diego Bagagal (MADAME TEATRO) se une a Mickaël de Oliveira e ao icônico produtor musical Chico Neves para evocar erotismo, terror, política e amor.

O PROCESSO
Quando morou em Londres, entre 2007 e 2009, Diego viu surgir em todas as livrarias e bibliotecas da capital britânica, "Salomé" de Oscar Wilde - até então censurada -, e decidiu que deveria montar a peça. Os processos de investigação passaram por três residências artísticas, coincidentemente em países pilares da Igreja Católica: uma delas na Polônia, outra na Itália, e a última, em Portugal.

Para a preparação do que viria a ser “Salomé”, o MADAME TEATRO criou “Em Louvor à Vergonha”, que estreou em 2013, em Belo Horizonte. O espetáculo propunha uma investigação cênica/arqueológica da reverberação da prisão de Oscar Wilde por sodomia, na Inglaterra do século XIX até o Brasil dos dias de hoje.

Na Polônia, na cidade de Breslávia, em ocasião do aniversário do Instituto Grotowski, que comemorava os 10 anos da morte de Jerzy Grotowski, foi aberta seleção para inscrição no projeto “To The Light”, uma edição que escolheria dez atores do mundo todo para pesquisarem o tema “em direção à luz”, na floresta de Brzezinca. Diego Bagagal estava entre os selecionados. Cada ator trabalharia uma parte do dia coletivamente, e outra parte, individualmente, com um personagem. Diego era Salomé. "Entre as sessões tínhamos tarefas. Os homens cortavam a lenha para a cozinha e aquecimento do espaço, que era muito frio, e as mulheres limpavam a casa. O diretor pediu para que eu não participasse das tarefas e dançasse na floresta durante duas horas", relembra o artista.

Desses improvisos, Diego começava a construir sua "Salomé". A segunda residência artística foi em Matera e Bolonha (Itália), em 2010. O artista ocupou um pequeno estúdio de música desativado. "Lá fiquei 4 dias sozinho, pensando nas vozes que seriam escutadas por Salomé e na musicalidade delas. Como havia um vidro que separava os cantores dos técnicos, lembrei-me do túmulo de vidro de Oscar Wilde, cheio de beijos de batom de visitantes. Beijado por homens e mulheres de diversos credos e orientações sexuais", conta.

Em Portugal, na cidade de Montemor-o-Novo, terceira residência, Diego gestou em cocriação com o artista português Mickaël de Oliveira (Colectivo 84), a última etapa do processo criativo do solo "Salomé". Ao longo da investigação, várias referências surgiram para construir, de forma direta ou indireta, a paisagem dramatúrgica do espetáculo. No texto tecido em parceria com Mickaël, aparecem ecos da versão Wildiana de "Salomé", citações da Bíblia e o conceito de proximidade entre a sensualidade, o erotismo e a morte, argumento do livro "O Erotismo" de Georges Bataille (1897-1962).

A autobiografia também está presente na dramaturgia. Na alquimia entre Wilde e a Bíblia, aparece a história do primeiro beijo de Bagagal que é exposta em cena de forma sagaz. Diego utiliza algo pessoal para costurar temas e amplia a relação ficcional do beijo fatal de Salomé, na cabeça decepada do profeta João Batista, para temas políticos e atuais, como sexualidade e terrorismo, bíblia e misoginia, até o atentado na boate Pulse, em Orlando.
O estudo da gestualidade de Oscar Wilde presentes nas fotografias do século XIX e a iconografia de Salomé, ao longo dos tempos, destacando-se as "Salomés" de Franz Von Stuck (1863-1928), Gustave Moreau (1826-1898), Caravaggio (1571-1610) e Aubrey Beardsley (1872-1898), foi inspiração para o gestual e construção do corpo feminino, e ao mesmo tempo, andrógino, proposto, em cena, para a Salomé de Bagagal.

E por fim, a atmosfera musical do espetáculo criada pelo produtor musical Chico Neves faz menção à versão de Salomé musicada por Richard Strauss (1864-1949), com contornos contemporâneos e referências no pop. "A música aparece em cena como um personagem, criando e alterando estados da paisagem sonora e emocional de cada cena", explica Bagagal.


SERVIÇO

Espetáculo: “Salomé”
Data: 3 a 20 de março
Horário: De quinta a segunda – 19h
Local: Teatro II (Sala Multiuso) do CCBB
Endereço: CCBB – Praça da Liberdade – 450, Funcionários.
Valor: R$20,00 (inteira) e R$10,00 (meia)
Telefone: (31) 3431-9503

 

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